Cantadas Literárias

Blog destinado à discussão da literatura em língua portuguesa.

Friday, January 26, 2007


COM A PALAVRA, GUIMARÃES ROSA

"Mas, o mais importante, sempre, é fugirmos das formas estáticas, cediças, inertes, estereotipadas, lugares-comuns, etc. Meus livros são feitos, ou querem ser pelo menos, à base de uma dinâmica ousada, que, se não for atendida, o resultado será pobre e ineficaz. Não procuro uma linguagem transparente. Ao contrário, o leitor tem de ser chocado, despertado de sua inércia mental, da preguiça e dos hábitos. Tem de tomar consciência viva do escrito, a todo momento. Tem quase de aprender novas maneiras de sentir e de pensar. Não o disciplinado — mas a força elementar, selvagem. Não a clareza — mas a poesia, a obscuridade do mistério, que é o mundo. E é nos detalhes, aparentemente sem importância, que estes efeitos se obtêm. A maneira-de-dizer tem de funcionar, a mais, por si. O ritmo, a rima, as aliterações ou assonâncias, a música 'subjacente' ao sentido — valem para maior expressividade. (...)"
(Carta a Harriet de Onís, de 4 de novembro de 1964).
Essa, caros e parcos leitores, é para pensar no fim de semana. Consciência do próprio lavoro, para dizer o mínimo. Voltaremos a Rosa, em outros posts.

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